Total de visualizações de página

terça-feira

A BÍBLIA CONTRA A PALAVRA DE DEUS

A Bíblia contra a Palavra de Deus



Foi-se o tempo em que a Bíblia foi um livro difícil de ser encontrado, caro ou que se eram condenados por lê-la (exceto hoje em alguns países muçulmanos). Em alguns momentos da história foi queimada em praça pública. No período medieval ninguém podia ler senão os sacerdotes católicos e a citavam em latim para total incompreensão dos fiéis.

A reforma protestante nos trouxe a benção de ler e interpretar as escrituras, antes limitadas ao clero. Lutero traduziu a Bíblia para o alemão e defendia o livre exame. Foi sem dúvida um marco no cristianismo.

Hoje se pode comprar uma bíblia por menos de cinco reais numa banca de livros ou livraria evangélica, outras estão disponíveis em vários sabores teológicos e temáticas: Bíblia da mulher, Bíblia do jovem, Bíblia pentecostal, Bíblia Thompson, Bíblia Scofield, Bíblia da Prosperidade, Bíblia da Mulher que Ora, Bíblia da Garota de Fé, Bíblia da Pregadora, Bíblia Desafio de todo homem, Bíblia entre mulheres e Deus, Bíblia do Papai, Bíblia Joyce Meyer, Bíblia Mulher tu estais Livre, Bíblia do adolescente, Bíblia Círculo de Oração, Biblia Shedd, Bíblia Plenitude, Bíblia Devocional do Casal, Bíblia da Mulher Vitoriosa, Bíblia da Mamãe, Bíblia do Semeador, Bíblia Sagrada ente Meninas e Deus, Bíblia Missionária, Bíblia Dake, Bíblia da Família, Bíblia do Garoto Radical, Bíblia em Ação, etc. Misturei aqui Bíblias temáticas e Bíblias de estudo propositalmente.

Toda liberdade vem com um peso de responsabilidade. Há tantas interpretações, ideologias, doutrinas, dogmas e fantasias, que quem está fora desse eixo evangélico se pergunta quem está certo nesse mar de verborragia sagrada.

Na verdade se usa a Bíblia para negar e subverter a Palavra de Deus!

Nela há os que defendam a teologia da prosperidade, da ganância e do poder. Nela já se usou argumentos que favoreciam a escravatura. Nela se força ‘verdades incontestáveis ditas pelo anjo-pastor-bispo-apóstolo’ para subjugar mentes às prisões doutrinárias, das mais refinadas às mais malucas. Se proíbe bigode, cabelo curto, cabelo longo, cor vermelha, andar de bicicleta (sim amados, isso está no estatuto de uma grande igreja brasileira), cinema, praia, teatro, tv, se prega batismo por imersão, aspersão, se defende calvinismo e arminianismo, (epa! O dízimo parece que é tema pacífico), se usam versículos isolados para deflagrar campanhas de arrecadação, em especial todas no velho testamento, desafiando a fé das pessoas para materializarem-se em notas de cem e de cinquenta reais. E por aí se vai ladeira abaixo. Muito lixo produzido em solo sagrado (o que se plantar cresce – quem lê entenda)

Só sei que prefiro ler os evangelhos da forma que estão sem nenhum rodapé pra me explicar, deixar a palavra entrar e penetrar no âmago do ser. Prefiro ouvir, andar e sentir conforme penso que Jesus faria. Acredito que a chave está em ‘discernir o que Jesus faria’: cumpriria a lei de mandar matar adúltera ou a livraria com amor? Curaria no sábado mandando que o curado levasse sua cama ou deixaria sem curar para cumprir o mandamento recheado de tradições? Abominaria Madalena ou agregaria ao seu rebanho? Entraria na casa de Zaque o ladrão cobrador de impostos ou manteria a aparência para não ser mal interpretado? Curaria o servo do centurião romano, representante de toda opressão política ou o deixaria morrer? Contentar-se-ia em dar a Palavra e não serviria o estômago, ou se compadeceria provendo de comer a multidão? Perdoaria Pedro pela negação lhe tornado coluna da Igreja, ou o disciplinaria para sempre para o banco de reserva da Igreja?

Não importa o número de versículo bíblico se junte para tentar firmar uma doutrina, o importante é enxergar se Jesus olharia para isso com aprovação, se amor dele nos alcança, se sua paz nos invade.

Do contrário estaremos como Saulo, que lia a Torá e achava que lutando contra os cristãos estava fazendo a vontade de Deus. Às vezes usamos as coisas de Deus para lutar contra a vontade dele! Achando que estamos fazendo a obra de Deus, mas estamos colaborando com os inimigos da cruz!

A chave para interpretar a escritura como Palavra de Deus é Cristo. Cristo como Chave hermenêutica.

Do contrário, a Bíblia é apenas um livro, manipulável, frio, sem conexão com a vida. Não somos o povo da Bíblia, somos o povo da Palavra. Há quem encontre a Palavra na Bíblia, mas há quem encontre apenas uma ‘coleção de livros pequenos’.

Os magos do oriente vieram de longe sem conhecimento da lei, apenas viram o sinal, creram, seguiram e adoraram. Já o povo da lei, que aguardava o cumprimento da promessa, que orava pela redenção do seu povo, não o conheceu nem o recebeu!

Publicanos e meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus...


Moisés Almeida




Nenhum comentário: