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terça-feira

E Se o Sal não Salgar?

Texto de Ricardo Gondim:

Infelizmente o mundo gospel, (neopentecostal ou evangélico) vem se tornando conhecido pelo seu nanismo cultural, superficialismo ético, pragmatismo burguês e cinismo teológico.


Embora continue embriagado com seus discursos triunfalistas, dá um tiro no próprio pé quando insiste em ter primazia sobre a Verdade e ser, ao mesmo tempo, motivo de chacota nacional.


Infelizmente, convive com uma religiosidade sem compromisso com o passado, sem tradição, sem hereditariedade (sempre existem maldições em algum ancestral) e sem futuro.


Os evangélicos não se enfastiam das novidades efêmeras, provisórias, e não se assustam com sua descontinuidade histórica. São massacrados pelo presente, pois não possuem projeto futuro.


Ora, quem vive precisa de alvos, porém, quando se perdem os horizontes utópicos, acaba-se a vitalidade. Tudo fica aborrecido, sem criatividade. Não existe nada mais repetitivo do que o “evangeliquês” dos novos apóstolos.


Os neopentecostais desenvolveram uma espiritualidade “templista”, sem vínculos comunitários. Sacralizam-se os prédios, valorizam-se os mega ajuntamentos, mas não se promovem relacionamentos. As pessoas se sentem sozinhas e autônomas no meio de uma multidão. Vão à igreja como quem vai a qualquer lugar público, sem sentimento de pertencimento.


Para azeitar financeiramente sua máquina religiosa, o neopentecostalismo convive bem com misticismos e sabe dar explicações mágicas para a cruel realidade que o rodeia. Sua fé não precisa de racionalidade nem dialoga com as ciências sociais.


O movimento evangélico tornou-se refém do marketing e anseia dominar o mundo midiático.

O autêntico testemunho evangélico se perdeu pela importância que o cenário televisivo ganhou como veículo de propagação da mensagem. Hoje o anúncio da fé fica em segundo plano, diante da força da imagem - que transforma tudo em simulacro. Resultado: os neopentecostais se firmaram como um supermercado de serviços (e produtos) religiosos, e o fiel, percebido como um consumidor (anualmente acontece a Feira do Consumidor Cristão, jocosamente apelidade de "Expo-Babilônia").


Com um discurso competente e bem afinado com os desejos das massas, o neopentecostalismo tornou-se quase hegemônico, conseguindo esvaziar igrejas históricas e pressionar os antigos pentecostais a também adotarem seus métodos, que funcionam e enchem auditórios.


Vaidosos de sua fidelidade apostólica e gabolas de sua eleição como a “chuva serôdia”, os evangélicos já revelam seu triste fim: ser sal que não serve para salgar. Lamentavelmente!


Soli Deo Gloria.

sábado

Eu, Chico Buarque, a Banda e a Palavra.

Ontem tive um sonho. Eu estava numa praça, cantando com Chico Buarque a música ‘A Banda’, não havia platéia, mas cantávamos com muita emoção. Acordei. O sonho tinha sido muito bom.

Mas que Deus livre o Chico de um suplício como esse de cantar comigo. Sou mais desafinado que qualquer desafinado perto de mim.


A música, no entanto, não saiu de minha mente, e como quando a gente está cheio da Palavra, tudo nos remete à Deus, comecei a meditar na letra da música com a qual Chico Buarque ganhou o II Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, em 1966.


A música fala da banda que toca e as pessoas esquecem de suas dores, todos param de fazer o que fazem e ouvem a canção, até que... a banda passou! E o verso é cruel quando diz que ‘o que era doce acabou...tudo tomou seu lugar...cada qual no seu canto e em cada canto uma dor, depois da banda passar”.


Não pude deixar de pensar na frívola alegria deste mundo, que é motivada por coisas externas, como ‘uma banda’, mas depois que a festa acaba, as pessoas caem em si, reconhecendo que ainda são as mesmas pessoas, com seus problemas, fragilidades, ansiedades e medos.


A felicidade deste mundo é fútil como a passagem da banda do chico. Mas existe o ‘depois da banda passar’, ‘a quarta-feira de cinzas’, ‘a ressaca’, que invariavelmente faz as pessoas retornarem ao estado que sempre estiveram e que apenas foram momentaneamente anestesiados. Ao acordarem a alma dói.


A Verdadeira alegria só encontramos em Jesus! Nele até a tristeza salta de alegria! Essa alegria não vem de nada externo, não vem de bandinhas ou de trios elétricos, ela vem da segurança eterna que sentimos no coração cheio da Palavra.


Mas quem tem Jesus, tem uma alegria que se manifesta mesmo na dor, na agonia, na tristeza e no luto. É a alegria de saber que a dor já não dói, a agonia é transformada em gozo, a tristeza se enche de alegria e o luto é invalidado pela certeza da ressurrreição!


A Vida com Jesus é muito mais fácil, justamente porque é vida em abundância. Ele não é uma banda, Ele é o TODO, o EU SOU.Creia nisso e experimente a paz que excede a todo entendimento!


Ou então, espere a pela banda, mas saiba: ela vai passar!

Moisés Almeida




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Veja a letra da música:

A Banda
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque


Estava à toa na vidaO meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor


O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parouA
namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem
A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor


O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor


Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou
E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor

Depois da banda passar

Cantando coisas de amor...