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terça-feira

O problema é a perseguição...e a falta dela!



Vi a alguns dias o pastor Silas Malafaia, no seu programa de televisão, falando acerca de um certo evento que haveria de acontecer contra certos pastores no Brasil, e seria com ar de perseguição contra os ungidos de Deus. Não entendi direito, parecia que alguém teria soprado no ouvido do Malafaia algo sobre uma operação da polícia federal contra certos pastores talvez, não sei, ele não falou. O Silas outro dia defendeu o casal Hernanez e tentou ‘abrir’ os olhos da turma da universal “eles querem chegar até vocês, cuidado’’, “eles’’,seriam alguns setores da mídia, principalmente a rede globo de televisão. Segundo o Malafaia, é inadmissível que quando um crente roube, os jornais estampem em notícia de primeira página, enquanto que quando é um sacerdote católico as notas seriam minúsculas, quase no rodapé do jornal.
O Que o Silas deveria saber é que os evangélicos se dizem luz, filhos de Deus, melhores que todos os outros seres humanos da terra, que estão caminhando para o céu enquanto o resto da humanidade está indo para o mais profundo do inferno, e portanto, nessas condições é normal, que quando uma ‘luz’ se comporta como ‘trevas’ se dê a devida atenção. Esquece-se o caro pastor que ‘é mister que os escândalos aconteçam...”
Queira Deus que o que eu pensei na hora que ele falava essas coisas aconteça: uma grande operação da polícia federal para botar na cadeia um monte de pastores que roubam a consciência e o dinheiro das pessoas em nome de ‘um outro evangelho’!
Jesus disse que bem aventurados os que amam a justiça! Mas justiça para pastores soa como perseguição religiosa. A idéia é ‘deixa com Deus”, “ eles darão conta no último dia”, eu particularmente prefiro o “aqui se faz e aqui se paga’’ e ''Quem não deve não teme".

Eles não temem a Deus mas morrem de medo da PF.

Eu conclamo a todos os cristãos sinceros a clamar pela justiça, a não se calar diante da perversidade religiosa, a falar contra a falsificação do evangelho, que faz da rosa, do lenço, da água benta, do lençol, do ungüento, do sal, coisas mais importantes que Jesus.
Aliás, você assiste alguns programas ditos evangélicos e não vê sequer falarem em Jesus.

Quando vemos as injustiças sociais em nosso país ficamos horrorizados, (pelo menos na hora do noticiário de TV), mas nos calamos como sinal de nossa anuência diante dos injustiçados nos ambientes religiosos.

Quem promete cura tem que curar!Se promete que você ficará rico, você tem que ficar! Se não, vamos começar processar esse pessoal, pois é um caso típico de propaganda enganosa! Mas o povo não recebe o que espera, porque essa é a ‘vontade de Deus’, que você seja tratado como um trouxa ao tempo todo, dando dinheiro para que se ergam pequenos reinos na terra!

Mas o reino de Deus não é desse mundo.

Estamos vivendo um dos piores momentos da história da igreja nesse país. Não há perseguição, qualquer um pode abrir uma franquia da salvação em qualquer lugar. E você me perguntará onde está o problema? É que nunca o evangelho foi tão banalizado, tão reduzido, tão mal interpretado como agora! Transformaram o evangelho em ‘o outro evangelho’ e cospem na cruz de Cristo. Mais vale a rosa ungida, que os espinhos dos cravos, mais vale o óleo ungido que o sangue derramado, mais vale o lençol ungido que as vestes da salvação. Perseguição é ruim e a falta dela também. Essa zona de conforto se chama Mornidão! Blasfêmia! Blasfêmia! Anátemas!


Mas o nome do Senhor é Justiça Nossa!

Moises Almeida
31/07/2007

quinta-feira

Excomunhão



Texto do Pr. Ricardo Gondim



Estou ouvindo o áudio book, “Generous Orthodoxy”, do Brian McLaren, presenteado por meu amigo Carlos Alberto Junior. Espero e oro para que alguma editora brasileira se apresse em traduzi-lo (quem sabe inglês deveria comprá-lo imediatamente, aproveitando que o dólar está barato).
Quando ouço esse pessoal da “Emergent Church”, com quem tenho grande afinidade, mais me convenço de que o movimento evangélico, ou “evangelical”, permita-me o estrangeirismo, é um barco que faz água.
Há algum tempo, afirmei que não me considero mais “evangélico” e causei espanto entre meus pares. Porém, cada dia que passa, quanto mais notícias ruins sobem dos porões denominacionais, e quanto mais o Youtube mostra piadas sobre o besteirol dos púlpitos, mais convencido fico de que nada tenho a ver com o que foi meu berço religioso.
Minha “auto-excomunhão” do movimento evangélico não é estética, embora eu não tolere mais ouvir os cânticos de poesia rala e de música pobre que fazem sucesso; não agüento mais hinos de guerra, convocando os crentes para pisar os inimigos. Nem falo das coreografias das danças. Horrorosas!
Minha “auto-excumunhão” do movimento evangélico não é ética, embora eu tenha nojo do grande número de políticos que, em nome de Deus, exercem seus mandatos com as mesmas práticas que os mais nefastos; não suporto mais conviver com evangelistas e pastores, donos de um discurso radical quanto ao dogma, ao credo, ao moralismo sexual, e que sabem papagaiar a Reta Doutrina, mas se comportam como inescrupulosos manipuladores, sempre ávidos por dinheiro.
Minha “auto-excomunhão” do movimento evangélico não é doutrinária. Eu continuo crendo na Trindade; tenho a Jesus Cristo como Senhor e Salvador de minha vida; falo em línguas estranhas desde minha experiência pentecostal; creio e dou testemunho de milagres; oro por libertação de endemoninhados e aguardo novos céus e nova terra.
Minha “auto-excomunhão” do movimento evangélico aconteceu porque não posso conviver com auto-proclamados “teólogos” que guardam suas doutrinas e conceitos como verdadeiras vacas sagradas; não gosto do clima de caça às bruxas, que apedreja e queima quem ousa mexer em “cláusulas pétreas”.
Não tolero a intolerância, não aceito a exclusão, não me sinto bem com discursos fundamentalistas. Acredito que toda interpretação é interpretação e nada mais, e que ninguém – nem Santo Agostinho, nem Armínio e nem eu – tem a última palavra quanto a verdade.
Minha “auto-exclusão” do movimento evangélico aconteceu porque cansei de ficar tentando ler a Bíblia com o literalismo fundamentalista. Acho fatigante ter que, constantemente, fazer ginástica para explicar com a exegese própria dos evangélicos, textos que discriminam as mulheres em Deuteronômio, ou aquele que Deus manda um espírito de mentira para confundir os profetas. Não quero mais fazer contas para explicar para os adolescentes como a arca de Noé pôde abrigar todos os insetos, mamíferos, aves, répteis e batráquios do planeta.
Minha “auto-exclusão” do movimento evangélico aconteceu porque não tenho mais estômago para ficar ouvindo sermão do tipo: “Deus é poderoso, ele vai fazer milagre”, e fechar meus olhos para os exilados de Darfur, ou para os miseráveis que esperam nas filas dos ambulatórios imundos da baixada fluminense. Não quero viver a fé ensimesmada e privatizada que tanto se alastrou, e que busca, ou convive, com o conceito burguês de mundo. Na verdade, não consigo mais orar pedindo bênção, proteção, imunidade, prosperidade ou livramento. Não quero ter que exercitar fé para “ver Deus abrir as janelas do céu”.
Minha “auto-exclusão” do mundo evangélico aconteceu porque tenho sede de ser íntimo de Deus; porque, intuitivamente, percebo que a Bíblia possui uma riqueza imensamente maior do que me ensinaram; quero viver na liberdade do Espírito, sem medo das implicações e dos desdobramentos mais “perigosos” dessa decisão.
Minha “auto-exclusão” do mundo evangélico aconteceu porque me apaixonei por Deus de uma maneira que considero linda - mas que fica na contramão da maioria. Estou tão absolutamente cheio de curiosidade sobre dimensões da verdade que, reconheço, jamais compreenderei completamente; estou com sede de ler como nunca li, rir como nunca ri, dançar como nunca dancei; orar como nunca orei. Quero glorificar a Deus com leveza, sem paranóias de que o diabo vai me pegar se eu der brecha ou que serei punido com rigor se pisar na bola.
Minha “auto-exclusão” do mundo evangélico aconteceu porque hoje vejo meu Próximo como amado de Deus e não mais como filho da ira; de repente, comecei a perceber que a Graça foi espalhada sobre a terra assim como o sol, que indiscriminadamente abençoa.
Tento desvencilhar-me da linguagem excludente dos crentes. Já não tenho medo de dizer que aprecio “música do mundo”, que considero os "Médicos Sem Fronteiras" uma bela expressão do amor de Deus, e que vou estudar, com enólogos, os mistérios dos melhores vinhos. Antes que me esqueça, não acho que treinar para uma maratona seja perda de tempo.
Não me definirei por nenhum movimento porque acho que os movimentos, qualquer um, são cercas que empobrecem; não defenderei uma teologia específica, nem a Relacional, porque não acredito que elas sejam suficientes para explicar o Eterno – Gosto da frase de Paul Tillich: “Deus está para além de Deus".Para onde vou daqui pra frente? Anseio caminhar humildemente com meu Senhor; vou tentar ser justo, desenvolver um coração misericordioso e amar a paz.
Soli Deo Gloria.