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quinta-feira

O FIM DOS TEMPOS - E DO AMOR ENTRE OS CRISTÃOS


Estava em 1987, e muitas profecias diziam que Jesus ‘poderia’ vir em 1988. Algumas publicações cristãs, como a maioria da década de 80 falava do fim do mundo, volta de Cristo, A Besta, 666, e muito mais. Havia uma publicação da Chamada da Meia-Noite, do falecido pastor Wim Malgo, que fazia uma conta muito louca, não afirmava categoricamente, mas dava a entender, o argumento era mais ou menos o seguinte: Jesus disse que não passaria esta geração sem que todas essas coisas acontecessem, e isto era num contexto onde se falava do fim dos tempos. Bem, A figueira era Israel, seu nascimento foi em 1948 quando o estado Judeu foi criado, e uma geração era de 40 anos, e portanto, em 1988 Israel faria 40 anos, e Jesus voltaria.
Dezoito anos depois, agora em 2006 soube que Valnice Milhomens teria pregado a volta de Jesus para 2007.
De tempos em tempos as pessoas parecem querer atropelar as profecias, forçar seu cumprimento. São as pessoas do ‘quanto pior – melhor’.
Creio na volta de Jesus, Creio nas profecias, vejo os sinais dos tempos, mas jamais desejaria datar aquilo que apenas o Pai Eterno sabe. Enquanto isso a vida continua. Tenho que estar pronto para a volta de Cristo Agora! Mas estudar, trabalhar, ajudar, planejar, viver, como se ele voltasse apenas para a próxima geração. Ou então a coisa vira paranóia. Nos Anos Oitenta vi jovens querendo largar tudo e se entregar ‘à Obra’, porque o fim estava próximo. Quanto mais a igreja for pentecostalizada mais susceptível estará a essas piragens teológicas. Não que haja algo errado no pentecostalismo, mas sim com o trato das possoas com a questão pentecostal. A mioria consegue ver anjos voando pra todo lado, mas não consegue ver o irmão necessitado ao lado dele.
Era paranóia de todo jeito, havia uma profecia em minha igreja, recorrente, de que haveriam três dias e três noites de trevas, e que as pessoas devceriam comprar gás, porque senão ficariam na mais intensa escuridão. O pessoal vinha comentar isso comigo e eu dizia que isso era loucura, bobagem, e que desejava era ter um estoque de Gás, mas era para vender ao pessoal que acrediutava nisso, e me rotulavam de incrédulo, que estava ‘tocando’ na profecia. Outra foi com o aparecimento do código de barras, dizia-se que as o número 666 estava nos códigos, e que isso seria o selo da besta, e muito mais coisas inventavam e inventam de tempos em tempos, agora é a vez do famigerado chip que vão colocar sob a pele, blá-blá-blá.
A palavra nos chama para o equilíbrio. Cristo virá, as profecias se cumprirão, mas tudo ao seu tempo, conforme está determinado.
Fico hororizado ao ver pregadores enchendo o peito e dizendo: "Olha um terremoto matou 200 mil pessoas, é a volta de Cristooooooo! Aleluuuuuiaaaa!" e o povo grita " Glória a Deeeeeuuuuussss!!!!!!". Se esquecem que estamos aqui como intecessores, que como Abraão deveríamos interceder por essa Sodoma Global, e que muita gente está morrendo, inclusive crentes que estão nesses lugares ( não que ser crente seja melhor que os demais) mas é que muitos acham que ali só morreram os 'infiéis'.
Chega! É hora da gente parar com essa palhaçada e se colocar como Igreja num mundo Caído, intercedendo e clamando a Deus: " Tem misericórdia desse povo Oh Deus - Salva-nos".
Isso vai impedir o cumprimento das profecias? Não! Mas vai tornar a gente mais cristão, ou pelo menos mais 'gente'.

Feliz 2007 para Todos!

Moises Almeida

sexta-feira

Morte aos Comentaristas


Por: Søren Kierkegaard

"Morte aos Comentaristas"


“A enorme quantidade de intérpretes contemporâneos bíblicos tem prejudicado, mais do que auxiliado, nossa compreensão da Bíblia. Ao ler os comentaristas tornou-se necessário fazê-lo como quem assiste uma peça durante a qual a profusão de espectadores e de luzes impede, por assim dizer, que desfrutemos da peça em si – e somos premiados ao invés disso com pequenos incidentes. Para assistirmos à peça temos de aprender a ignorá-los, se possível, ou entrar por um caminho que não tenha sido obstruído.O comentarista tornou-se, na verdade, o mais prejudicial dos intermediários. Se você deseja entender a Bíblia, certifique-se de lê-la sem um comentário. Pense em dois amantes. A amante escreve uma carta ao seu amado. O amado está por acaso interessada no que os outros acham da carta? Não irá lê-la sozinho? Em outras palavras, nunca lhe passaria pela cabeça lê-la com o auxílio de um comentário. Se a carta da amante estivesse escrita num idioma que ele não compreende – ora, ele por certo aprenderia a língua, mas com certeza não a leria com a intermediação de comentários. Esses de nada adiantam. O amor pela sua amada e sua prontidão em satisfazer os desejos dela tornam-no mais do que capaz de compreender a carta. É o mesmo com as Escrituras. Com a ajuda de Deus podemos entender a Bíblia muito bem. Todo comentário deprecia, e a pessoa que senta-se com dez comentários abertos e lê a Escritura… está provavelmente escrevendo o décimo-primeiro. Não está por certo lidando com as Escrituras. Suponha agora que essa carta da amante possua o atributo único de que cada ser humano é o amado a quem ela se dirige. E agora? Deveríamos por acaso sentar e conferenciar um com o outro? Não, cada um de nós deveria ler essa carta apenas como indivíduo, como indivíduo singular que recebeu essa carta de Deus. Ao lê-la, estaremos preocupadas em primeiro lugar com nós mesmos e com nosso relacionamento com ele. Não concentraremos nossa atenção na carta em si, no fato de que essa passagem possa ser interpretada de uma forma e esta de outra – de forma alguma: o importante para nós será agir, e o mais cedo possível.Não é então algo singular ser o amado, e não nos dá esse algo uma vantagem que nenhum comentarista possui? Pense a respeito. Não somos nós os melhores intérpretes das nossas próprias palavras? E em seguida o amante e, em relação a Deus, o verdadeiro crente? Não devemos esquecer que as Escrituras são meras placas rodoviárias: Cristo, o amado, é o caminho. Morte aos comentaristas!A questão é simples. A Bíblia é muito fácil de entender. Mas nós cristãos somos um bando de vigaristas trapaceiros. Fingimos que não somos capazes de entendê-la porque sabemos muito bem que no minuto em que compreendermos estaremos obrigados a agir em conformidade. Tome qualquer palavra do Novo Testamento e esqueça tudo a não ser o seu comprometimento de agir em conformidade com ela. Meu Deus, dirá você, se eu fizer isso minha estará arruinada. Como vou progredir na vida?Aqui jaz o verdadeiro lugar da erudição cristã. A erudição cristã é a prodigiosa invenção da igreja para defender-se da Bíblia; para assegurar que continuemos sendo bons cristãos sem que a Bíblia chegue perto demais. Ah, erudição sem preço! O que seria de nós sem você? Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo. De fato, já é coisa terrível estar sozinho com o Novo Testamento.Abro o Novo Testamento e leio: “Se você quer ser perfeito, venda todos os seus bens e dê aos pobres, e venha me seguir”. Meu Deus, se fôssemos de fato fazer isso, todos os capitalistas, todos os funcionários públicos e empreendedores, toda a sociedade na verdade, seríamos reduzidos à condição de quase mendigos! Estaríamos em maus lençóis não fosse a erudição cristã! Louvado seja todo aquele que trabalha para consolidar a reputação da erudição cristã, que ajuda a refrear o Novo Testamento, esse livro perturbado que passaria por cima de nós uma, duas, três vezes se andasse à solta (quer dizer, se a erudição cristã não o refreasse).O que precisamos realmente, portanto, é de uma reforma que coloque até mesmo a Bíblia de lado. Sim, isso teria hoje em dia a mesma validade que teve o rompimento de Lutero com o papa. A presente ênfase em “voltar à Bíblia” tem, infelizmente, criado religiosidade a partir de uma trapaça erudita e literalista—mera manobra de diversão. Tragicamente, esse tipo de conhecimento tem gotejado gradualmente sobre as massas, de modo que hoje em dia ninguém é mais capaz de simplesmente ler a Bíblia. Todo nosso saber bíblico tornou-se nada além de uma fortaleza de desculpas e escapes. Quando se trata de existência, de obediência, há sempre algo de que devemos cuidar antes. Vivemos sob a ilusão de que devemos primeiro ter a interpretação correta ou a crença em sua forma perfeita antes de podermos começar a viver – quer dizer, nunca chegamos a fazer o que a Palavra diz.A igreja vem há muito precisando de um profeta em temor e tremor que tenha a coragem de proibir o povo de ler a Bíblia. Sou tentado, portanto, a fazer a seguinte proposta. Coletemos todas as nossas Bíblias e juntemo-las em algum lugar aberto ou no alto de uma montanha e então, enquanto todos ajoelhamos, alguém fale com Deus da seguinte maneira:'Leve esse livro de volta. Nós, cristãos, tais como somos, não somos aptos a nos envolver com tal coisa; ela apenas nos torna orgulhosos e infelizes. Não estamos prontos para ela'.Em outras palavras, sugiro que nós, como os aldeões cujo rebanho de porcos arrojou-se na água e afogou-se, imploremos a Cristo que 'retire-se de nós' (Mateus 8:34). Isso pelo menos seria um discurso honesto – algo muito diferente da erudição nauseante e hipócrita tão prevalente hoje em dia.Em vão a Bíblia comanda com autoridade. Em vão ela admoesta e implora. Não ouvimos – isto é, ouvimos a sua voz apenas pela intermediação/interferência da erudição cristã, dos especialistas que tiveram treinamento adequado. Da mesma forma que um estrangeiro exige os seus direitos numa língua estranha e ousa apaixonadamente dizer palavras ousadas ao enfrentar autoridades do Estado – mas veja, o intérprete que deve traduzi-las para as autoridades não ousa fazê-lo, substituindo-as por alguma outra coisa – assim soa a Bíblia através da erudição cristã.Afirmamos que a erudição cristã existe especificamente para nos ajudar a entender o Novo Testamento, a fim de que melhor possamos ouvir a sua voz. Nenhum lunático, nenhum prisioneiro de estado foi jamais confinado dessa forma. No que diz respeito a eles, ninguém nega que estão trancafiados, mas as precauções contra o Novo Testamento são ainda maiores. Nós o trancafiamos, mas argumentamos que estamos fazendo justamente o contrário, que estamos zelosamente engajados em ajudar a que ele ganhe clareza e controle. Por outro lado, naturalmente, nenhum lunático ou prisioneiro de estado poderia ser mais perigoso do que o Novo Testamento caso se permitisse que ele andasse à solta.É verdade que nós, protestantes, empreendemos grandes esforços para que cada pessoa possua sua própria Bíblia – até mesmo em seu idioma nativo. Ah, mas como são grandes os esforços para imprimir sobre todos a noção de que ela só pode ser compreendida através da erudição cristã! Essa é nossa situação atual.O que tentei demonstrar aqui pode ser declarado sem dificuldade:Tenho desejado fazer as pessoas darem-se conta e admitirem que acho o Novo Testamento muito fácil de entender, mas tenho encontrado até agora a maior dificuldade para agir de forma literal em conformidade com o que ele diz tão claramente. Talvez eu pudesse ter tomado outra direção; poderia ter inventado uma nova espécie de erudição, dando à luz ainda outro comentário, mas estou muito mais satisfeito com o que fiz – uma confissão sobre mim mesmo”.Søren Kierkegard, Provocations


Citado por: Ricardo Gondim (www.ricardogondim.com.br)